A perda auditiva pode levar a quedas fatais, mas os aparelhos auditivos podem reduzir o risco. .
- Dra Carla Bellizzi
- 3 de out. de 2024
- 3 min de leitura

Se a sua audição começar a diminuir, o risco de queda poderá aumentar.
A pesquisa mostra que os idosos com perda auditiva leve correm um risco maior – mais que o dobro – de cair. Embora não esteja exatamente clara a forma como a perda auditiva aumenta o risco, sabe-se que as quedas são a principal causa de morte por lesões entre pessoas com 65 anos ou mais.
De acordo com um estudo publicado no Jornal da Sociedade Americana de Geriatria,novas evidências mostram que restaurar a audição através do uso de aparelhos auditivos pode ser protetor, especialmente quando as pessoas os usam de forma consistente.
“Descobrimos, de forma bastante significativa, que os indivíduos que usavam aparelhos auditivos, em comparação com aqueles que não usavam, apresentavam uma prevalência significativamente menor de quedas”, explica Laura Campos, fonoaudióloga e pesquisadora da UCHealth no Colorado e principal autora do estudo.
Existem outras estratégias para prevenir quedas, incluindo exercícios para melhorar a força e o equilíbrio, que são fatores de risco chave.
Como parte do estudo, Campos e seus colaboradores entrevistaram cerca de 300 pessoas com perda auditiva sobre o uso de aparelhos auditivos e perguntaram sobre quedas anteriores. Os pesquisadores também levaram em conta fatores que poderiam afetar o risco de queda, como o uso de medicamentos que podem causar tonturas.
No geral, as pessoas que usavam aparelhos auditivos tiveram chances reduzidas emcerca de 50% de sofrer uma queda, em comparação com os não usuários. E a redução foi ainda maior entre aqueles que usavam aparelho auditivo pelo menos quatro horas por dia. “O tamanho do efeito é bastante significativo”, diz ela. Esses usuários constantes de aparelhos auditivos tinham chances ainda menores ( 65%) de cair.
Pesquisas anteriores sobre se os aparelhos auditivos podem ajudar a prevenir quedas levaram a resultados mistos. Um desafio é que muitas pessoas que compram aparelhos auditivos não os usam todos os dias ou param de usá-los completamente. “Muitas pessoas não gostam deles”, diz Catherine Jewett, 67 anos, que começou a usar um aparelho auditivo há cerca de quatro anos. Ela tem perda auditiva causada pela doença de Meniere.
Para algumas pessoas, pode ser difícil ajustar a amplificação do som, diz Jewett, e outras têm constrangimento de como ficarão com os aparelhos auditivos. “A maioria das pessoas vê isso como uma marca de idade”, diz ela. A vaidade pode ser uma barreira, mas Jewett diz que a dela quase não é visível e combina com seu cabelo.
Como parte da pesquisa, Campos viu uma oportunidade de desvendar os efeitos do uso consistente de aparelhos auditivos, uma vez que muitas das pesquisas anteriores não diferenciavam as pessoas que os usavam muito, em comparação com aquelas que os usavam menos. O que o estudo descobriu é que provavelmente existe uma relação dose-resposta, o que significa que quanto mais consistentemente as pessoas os usam, mais benefícios podem experimentar.
Uma teoria para explicar a ligação entre perda auditiva e quedas é que usamos nossa audição para sentir o que está ao nosso redor.
Se fecharmos os olhos, podemos sentir se estamos num grande auditório ou num pequeno armário, com base no som que ecoa nas paredes e nos objetos ao nosso redor. “Precisamos ser capazes de ouvir altas frequências para fazer isso bem”, explica ela. Portanto, faz sentido que restaurar a audição possa ser útil.
Além disso, as pessoas com perda auditiva devem trabalhar mais para organizar a conversa. Muitas vezes confiam no conhecimento linguístico e em pistas contextuais para preencher palavras que não ouviram. “Isso consome muito mais recursos” e pode ser desgastante, explica Campos. Como resultado, ela diz que as pessoas ficam com “menos recursos cognitivos” para navegar pelo ambiente. Então, talvez eles não percebam um degrau ou perigo de queda até que seja tarde demais.
Vários fatores podem ajudar a explicar a relação entre o risco de queda e a perda auditiva.
“Ainda temos mais trabalho a fazer para compreender esse mecanismo subjacente”, diz Campos. Mas ela fica satisfeita quando vê pacientes se beneficiando com aparelhos auditivos.
Jewett diz que se sente mais segura quando usa o aparelho auditivo, pois pode ouvir os sons de um carro, por exemplo, se estiver atravessando uma rua. “Um aparelho auditivo fez uma enorme diferença na minha vida”, diz ela.
E ela está mais estável em pé. “Isso melhora meu equilíbrio”, diz ela. "É um benefício enorme."
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